Considerações sobre um Gênio

Faz tempo que eu não marco presença no blog, não pelo esquecimento ou pela preguiça, mas pelos muitos compromissos, pois escrever não é impulsivo e repentino, é como um pão que passa horas crescendo, assando e dourando, se tirarmos antes do tempo não nos serve, é preciso tirar no tempo certo, e saber como aproveitá-lo da melhor forma.
Compromissos me obrigam a guardar o que poderia, e deveria, escrever, porque escrever é guardar e perpetuar. Mas para não delongar esta minha ausência no site, venho postar algumas considerações, não creio que seja uma obra literária, mas apenas algo que eu gostaria de deixar registrado.

Considerações sobre um Gênio

Até o dia em que meus ouvidos não experimentaram as notas de Bonfá, eu não sabia o que era música. Aprendi desde criança a gostar de ouvir música, aquilo pra mim era fascinante, só de saber que saia som daquela roda preta já me deixava admirado, aprendi a chamar de disco tudo o que fosse de mídia de áudio, até hoje sou assim. Cresci ouvindo Caetano, Gal, João Gilberto e Jobim, mas sempre me faltou alguma coisa. Até que um dia eu ouvi manhã de carnaval, música do próprio Luiz Bonfá, e fique pasmo com o que aquele cara fazia com um violão, coisas de outro mundo.
Manhã de carnaval não é a minha preferida, mas foi o que me fez conhecer Bonfá. Um dia, assistindo a um filme sobre Beethoven, ele dizia que Deus gritava no ouvido dele e que a única coisa que ele podia fazer era escrever e transmitir aos outros o que Deus queria dizer. O mesmo Beethoven diz que a música é a voz de Deus. Creio que Deus também falava aos ouvidos de bonfá, mas não gritava, apenas sussurrava, e ele como seu antecessor, apenas podia transmitir os sussurros.
Sua ambição era tocar da forma mais pura possível, sem chiados nem sibilos. Tocava sem palheta, mesmo a guitarra, dizia que com palheta fica muito automático. Partiu para tirar outros sons do violão, que não fossem as clássicas batidas repetitivas e sem refino. Ele era de tal preocupação que não carregava nada com a mão direita, nem mesmo o violão, pois era a mão de tocar. “Amor dos mais puros esse artista consagra, primeiro ao seu violão, de quem é irmão gêmeo, Com ele o violão é de todas as noites e de todas as horas, é um eterno ouvir de queixas, lamentos, ou alegrias enormes” (Fernando Lobo)
Em mim se formou uma natural necessidade de ouvir música, e especialmente de ouvir Bonfá tocando, pena que ele já se foi dessa vida. A vivência da música é diária e requer dedicação, saber ouvir, saber repetir quantas vezes for necessário. Não existe velho e novo, existe bom e ruim, e pra mim bonfá mais que bom é Divino.


Para os que se interessarem, segue aqui uma das minhas músicas preferidas. para os que forem ouvir, não precisa ouvir baixinho, aumente o som pra ouvir cada detalhe cada passada, e aproveitem!
Música do disco Luiz Bonfá - The New Face os Luiz Bonfá (1970)
Savanarole
(Pedro Vítor)

2 O QUE ACHOU DO TEXTO?:

Abmael Chicuta disse...

Gostei da dica.

Bonfá é muito bom.

TH disse...

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