Caminhando...

Quem era ela?
Quando lançada a pergunta, a necessidade da resposta é instantânea.
Olhares rápidos são capazes de ofuscar a beleza presente na procura.
Antes da resposta, deve-se analisar se realmente nos conhecemos ou
somos os projetos das idealizações dos outros.
"Conhece-te a ti mesmo..."
Todos os princípios têm, como elemento cerne, a resposta daquilo que nos perturba
e instiga nossa mente a correr.
Cada dia precisa de sua resposta,
achada na penumbra da noite ou na correria passageira do momento.
Mas decidida e escolhida com calma e seletivamente.
Porque quem tem preguiça de pensar está perdendo tempo em viver...

(Gerlondson Jr)

Tom e Desafinado

Tom Jobim - O "Desafinado" evidentemente não é desafinado. Quando o João Gilberto gravou essa música, saiu na imprensa que ele o era desafinado, mas que tinha uma voz muito bonita, tinha muita bossa. "Desafinado" não tem nada de desafinado, os maestros da época sabem disso. Trata-se de uma pessoa gozando a especialização. Existem pessoas que são inteligentíssimas e antimusicais, mais do que desafinados são "tone-deaf", quer dizer, não tem realmente noção da altura do som. Então, o desafinado é o sujeito que tem uma namorada, que certamente é muito afinada, bonita, gostosa, e ele, um rapaz desafinado, diz: "Se você disser que eu desafino, amor, saiba que isto em mim provoca imensa dor".

Eis a música:
Quando eu vou cantar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desafino, que eu não sei cantar
Você é tão bonita, mas tua beleza também pode se enganar

Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolley-Flex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados também bate um coração

Sentido de ser amigo.

O vento frio que sopra na calada da noite após esse temporal me lembra que preciso continuar o meu ofício de escrever. Não só para que meus sentimentos se aquietem, mas pelo simples fato de querer viver aprendendo a cada dia. Talvez nossos momentos precisem de mais romantismo. Não aquele meloso, mas o que dá valor aos pequenos fatos cotidianos e os valoram com uma conotação especial. Um jeito especial de olhar,um abraço apertado, um texto bem escrito dão uma pitada especial a uma dia desgastado. Mas tem umas coisas que quando não estão presentes abalam as estruturas. Assim são os amigos. Diz o poeta que não suportaria de forma alguma que os seus amigos se fossem.

Já Millôr Fernandes assim escreve:“A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.”

Será mesmo que aguentamos quando uma pessoa nos revela aquilo que não temos coragem de assumir que somos? Ser amigo é,acima de tudo, ser sincero e não ficar a todo momento concordando, pois se assim fosse seria apenas via de um lado, não acha? Quem não consegue ser desvendado no outro é porque ainda não se conhece por inteiro.

O tempo é amigo da amizade, que,quando longe, faz os amigos sentirem falta. Não queira se apressar, pois o capricho vem com a lapidação do diamante que está a se formar.


(Gerlondson Jr)

Estou de volta...

Estou de volta, retorno de um mundo distante onde a saudade se fez em mim pelo que deixei de viver. Minha partida não foi programada, muito menos esperada por mim. Ela se fez de forma tão implícita às decisões que tomei que quando me procurei já não mais estava lá. Estou de volta a experimentar o que de melhor posso ser, não como antes, mas como hoje.

Voltei não pela falta das coisas boas que vivi, mas porque percebi que o que estava vivendo não supriria minha vontade de ter boas recordações. Do que me lembraria se continuasse? Da grande ausência de meus amigos, do vento frio que soprava a noite ou da réstia de luz que me acordava cedo e me lembrava que eu tinha de acordar de meu sonho.

Ao menos aprendi que a vida é porto de chegada e de partida, é espera e abraço, sorrir e chorar...esse tempo me fez escolher que parte eu quero, e com certeza, o que quero é a melhor!

(Pedro Vítor)