Chove lá fora e o coracao ainda se recupera das avalanches da vida. O encontro com as pessoas revelam o contraste daquilo que elas pensam saber. A chuva cai e a ternura brota nos quintais nunca antes floridos. A vida e seus mistérios me facinam... Julgar é fácil, difícil é estar com quem não nos quer bem. Não gostando, mas amando, com o amor ágape.
"Perdoa-me, folha seca,não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo, e até do amor me perdï'' (Cecília Meirelles)
Não, eu não vi a sua cura se cumprir Eu não vi o seu milagre acontecer Nada que eu pedi a Deus aconteceu
É... Vou tentando achar o rumo por aqui Vou reaprendendo ser sem ter você Descobrindo em mim o que você deixou
Grito seu nome Desejoso de resposta Quando vejo a mesa posta E seu lugar sem ter ninguém
Mas nessa ausência Sei que existe outra presença Uma força que sustenta E que me faz permanecer... de pé
É Jesus, meu Deus humano Meu Deus humano Que conhece a dor de ver partir a quem se ama Que chorou de saudade Que sofreu por seus amigos E que esteve ao meu lado Quando eu vi você partir
É Jesus, meu Deus humano Meu Deus humano Que conhece a dor de ver partir a quem se ama Que chorou de saudade Que sofreu por seus amigos E que não me abandona Quando eu não sei compreender
Por que você partiu Por que você se foi E porque o milagre não se deu como eu pedi
Não, eu não vou perder a fé nem desistir Foi você que me ensinou antes de ir Vou vivendo assim, conhecendo o coração Que você fez pulsar em mim (Pe Fábio de Melo)
Tom Jobim escreveu e compôs o poema musical das Águas de Março, coisa bela e estranha, dura; fere o coração com um toque de pedra e depois o afoga na cheia das águas. Promete e recorda, memória de infância e angústias da força do homem. E até num velho pode suscitar nostalgias antigas. Águas de Março; não sei se o sabia, Tom, são também para muita gente a última esperança. Equinócio de verão, dia de S. José, a derradeira oportunidade do inverno. Vinte e um de março - a virada do verão, o equinócio. Mas o povo antes se fia no 19 de março, dia de S. José, o carpinteiro, que foi gente como nós e sabe o que é pobreza e insegurança. Sim, Tom, tem lugares no mundo onde é a última oportunidade. Se não chover até ali, não chove mais; daí para diante, será por toda parte só o vento, o sol, a terra cizenta, a fome - se a gente quisesse repetir a batida de eco da sua enumeração poética. Este ano vem sendo o quinto em que não chove ou chove mal em muitas zonas do Nordeste. Salteado chove, aqui e ali, mas nunca regularmente e geral, nunca total e seguido nos meses certos, como devia ser. Se em 60 foi bom aqui, em 70 foi péssimo, nos outros foi fraquinho. E nos Inhamuns, por exemplo, foi ruim emendado, o tempo todo. A mesma história se conta nas margens do S. Francisco, no sertão inteiro de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará. E esses anos magros de estiagem, juntando-os todos, vêm a ser pior do que uma seca completa e corrida, de dezembro a dezembro. Pois a seca vindo de repente, embora total, encontra as reservas dos anos bons, açudes cheios, gado sadio, algum resto de legume e farinha nos paióis. E o povo resiste bem, sabendo que é só aquele ano; trinca os dentes e agüenta - afinal é uma penitência. Mas depois que apareceu a seca verde, é diferente e pior. Chove um pouco em janeiro ou fevereiro. Nasce a rama, a terra se enfeita, os jornais dão notícia. O povo planta. E aí recomeça o verão. Com o verão, vem a largata, come toda folha nova. Então o povo replanta. Em alguns lugares o legume nasce, em outros nem chega a nascer, porque o inverno parou. Só uns barrufos de chuva, de longe em longe, que não dão para umedecer o chão de novo estorricado e só servem para desmentir quem fala em seca. Com os anos seguidos de inverno escasso, os açudes baixaram, cada falso inverno perdendo mais do que recuperando. Afinal veio 72, e tudo secou de vez. O leito da água evaporada ficou no barro, lascou, empedrou. O peixe, que era um dos recursos do povo, morreu todo. Reserva de nada não há mais nenhuma. Até a água dos grandes açudes do governo fica grossa, baldeada. O gado é uma ameaça, descarnado e triste. E o povo, que vai ser dele? Voltar à amargura, ao vexame das frentes de serviço, trabalhos de caridade que as máquinas fariam muito melhor? Só Deus sabe - Deus e S. José no seu dia, 19 de março. O qual, quando estas linhas sairem à rua, já se terá passado - e então se saberá definitivo se é hora de sorrir ou de chorar.
As vezes parece que meu coração é demais pra esse mundo cheio de controvérsias. Ou o mundo é disforme demais pra tanto sentimento. As coisas mexem, mudam de lugar, tudo passa. Tudo como um rio. Mas o riso interior, a satisfação de ser gente e a alegria de encontrar o bem em cada sorriso, em cada gesto não deve ser esquecido. Porque quem não sorri ao menos uma vez no dia corre o risco de deixar de se encantar com os detalhes da vida. A vida é simples, a gente é quem complica! (Gerlondson Jr)
Dois amigos que tentam imortalizar em palavras sentimentos e momentos.
Pedro Vítor & Gerlondson Jr.
"Inexplicações: Um jeito poético de ver a vida"
Escrever
"O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta."(Adélia Prado)
"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade". (Clarice Lispector)
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar no manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever."(Lêdo Ivo)
"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas... Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo." (Clarice Lispector)
"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias." (Pablo Neruda)
"Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(Clarice Lispector)
"Escrever é deixar uma marca. É impor ao papel em branco um sinal permanente, é capturar um instante em forma de palavra." - Margaret Atwood
"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada"(Clarice Lispector)
"The grand essentials of happiness are: something to do, something to love, and something to hope for." (Allan K. Chalmers)