Rio

Deixo de lado a formalidade
Os categóricos: inicio, meio e fim
Onde a idéia flui como um rio que deságua no mar
Já não me serve
Quaro desaguar noutro rio
Noutra idéia
Não nesta confusão sem ordem
Quero margens largas para devorar tudo
E levar comigo, em minha corrente, os galhos da poesia
Quero um curso longo e sinuoso
Para que possa percorrer do sul ao norte
Conhecer a tudo e a todos
Mas devo ter cuidado
Pois o curso sinuoso do rio pode esconder
Muitos segredos
Muitas palavras


(Pedro Vítor)

"Super fantasticamente"

Tinha tudo para não dar certo. Todos os ingredientes estavam a postos para que a noite fosse um fracasso. Mas existia o diferencial presente entre eles: sabiam transformar. O filme foi trocado. A criação da Bossa Nova cedeu espaço para o Exterminador do futuro. Então resolveram transformar o tempo vago em momentos de eternas cumplicidades, já que os acontecimentos anteriores reservaram grandes surpresas.Sorrisos, espantos, O jogo que não acabava mais acabou não acabando. E mais outras milhares de coisas que são indecifráveis, só sendo conhecedores os que compartilharam suas emoções. E quando o final parecia não ser feliz, eis que chega o pseudo-inesperado. Ao fechar da porta, o barulho. Espanto. Incerteza. Ao abrir, a felicidade, o sorriso estampado nos rostos e a confirmadíssima certeza de que tudo valeu a pena. E daí a certeza de que o que importa não é a quantidade de amigos que se tenha, e sim a qualidade da subjetividade existente. Porque quem consegue ser por inteiro, não precisa ter.

(Gerlondson Jr)

Texto escrito ao som de "O Caderno", de Toquinho e Mutinho, cantada por Pe. Fábio de Melo

"Revoluir"

Ela chegou e já foi arrancando o coração, deixando-so abaixo do plástico, mesmo fingindo saber o que falava. Não esperou ele respirar e já foi logo avassalando seus sentimentos.Talvez ela não quisesse seu mal, mas seus gestos a tornavam vítima dos próprios atos. Ela o amava de um jeito estranho, que era notória sua dupla personalidade. Parecia, no popular, uma 'louca desvairada'. Louca, porém, era sua sobrevivência epífita. Num gesto nobre, ele reconheceu o seu pseudo-erro e, por impulso das circuntâncias, saiu correndo com os olhos ardidos em gotas de lágrimas. De tanto correr, cansou e descobriu uma palavra que podia o ajudar a reconquistar o tempo que outrora perdeu sendo o que não era. Embora o seu mais intrínseco sentimento implorasse para que fizesse aquilo, o receio do que passou e do que estava por vir vinha a tona. O tempo passou. Tudo e todos que não serviam, foram transformados pelo tempo. E agora, com a cumplicidade e a sinceridade emportando e imperando entre o seu desejo e a liberdade de escolher a vontade do coração, a outra, que era seu amor de verdade, consegui amar por sua vontade e conseguiu ver a lacuna que havia sido tapada com a outra mão de fada.E eles foram felizes. Sim, apesar da revolução. Este lado já estava funcionando. Só faltava viver.


(Gerlondson Jr)


Este texto foi escrito tendo como plano de fundo a música
"Sampa", cantada por Caetano Veloso

Coragem!

Algo inundou minha mente. Faz poucas horas que a estranha passou a ser a dominadora de meus pensamentos. Foi como uma moeda que a gente encontra no chão, pode ter pouco valor, mas mesmo assim a pegamos, guardamos no bolso ou simplesmente a jogamos de volta. Eu guardei no bolso, as vezes a tiro e fico a pensar como ela pode aparecer desta forma tão inesperada. Usei o pouco de minha coragem, tentando não perde-la, mas minha hora chegou, tive que ir – se meus olhos tirassem fotos... - tive que ir e quando voltei só tinha o espaço vazio e quieto, tal qual a moeda, levei-a para casa e com ela talvez nada faça, basta coragem!

(Pedro Vítor)

Sussurro

Quero dizer bem baixinho em teu ouvido
O que faz do meu coração um bobo
Na intimidade de um sussurro
Falar das coisas do amor
Quero, bem baixinho, te contar
As paisagens que a vida nos guarda
Quero um abraço bem fogoso
E um carinho na nuca
Porque só assim, bem baixinho
Só eu e você iremos saber
No nosso pequeno universo
Bem simples
Mas único




(Pedro Vítor)
Ler, se possível, ouvindo:
Sutilezas - Rosa Passos, de Rosa Passos e Sérgio Natureza

Lusco-fusco

E ele, olhando para a letra que achava ser a mais reluzente que jamais havia visto, pensava...e nesses momentos gostava de ficar alí parado, como se estivesse anesteziado, sob a consequência daquilo que ele não sabia o que esperar.

O que as coisas que vêm, saem e desaparecem sem volta podem nos engrandecer?
O que as pessoas insanas podem causar se há algo muito maior que é capaz de transbordar o raio unilateral das estrelas?
Qual a falta de faltar que elas deixam?
O que a falta pode eliminar aonde se há a confiança?
Na ausência, a presença, a descoberta.
No nada, o valor e o aprendizado.
No recomeço, uma nova forma de enxergar.
Porque no desconhecido é que a gente se revela e descobre os nossos limites, o nosso jeito humano de ser.
A água é a irmã vais velha do mar.
(Capitão JG)

Sentidos: Equilíbrio

Colecionar.Sinônimo de juntar, reunir. Mas não qualquer coisa. As vezes perde-se uma vida toda procurando com o que ocupar o tempo, sendo que essa virtude pode não estar inicialmente em nós. Surge de um esbarão, de uma tropeçada.Aparece de repente junto com a voz que surge daquele que não sabe falar, das pessoas que nos fazem feliz, através do amigo que, na ausência completante de compartilhar seu vício bom realiza transformações apenas com o olhar gestante. Olhar esse inundado de respeito e paciência, não como uma rivalidade ou batalha de ter a coisa mais chamativa ou produtiva, mas com a harmonia necessária para o crescimento da amizade e da colação. Porque as vezes a perda acontece pela não descoberta da beleza escondida do momento, porque vieram críticas externas. Isso sim é perda de tempo. É questão de bom senso.

(Gerlondson Jr.)

Depois

Deixar para depois é negar a sorte
É perder momentos únicos
É passar sem dizer um oi
É saber que pode e esquecer
É amar e não dizer “te amo”
É brigar querendo um abraço
Enfim... Deixar para depois é perder tempo
Sabendo que ele não voltará

(Pedro Vítor)